Antes de mais nada, porque são processos diferentes em cada tipo de escrita. Quando escrevem no papel, o método pelo qual alcançam fixação é distinto. Enquanto a tinta é líquida e penetra na superfície de papel, através dos poros na folha, o grafite é consumido com o atrito, de forma abrasiva. Assim, enquanto a tinta de caneta usa a absorção, o lápis é arrastado contra a folha. Isso não significa que um seja melhor ou pior que o outro, mas altera o seu alcance em questão de superfícies onde conseguem escrever, dependência da gravidade e relação com a porosidade do papel (importante no desenho). Um uso inteligente dessa diferença é o desse calendário, que usa da absorção para marcar os dias:
É por essa diferença que as borrachas comuns conseguem apagar grafite, mas não caneta. Para apagar caneta, seria necessário retirar camadas de papel até extrair totalmente a tinta, o que danificaria o material. Esse é, inclusive, o método usado por muitos artistas para realizar ilustrações, usado até hoje, geralmente com estiletes – e que requer precisão cirúrgica, literalmente. As borrachas convencionais também vêm reforçadas de pó de quartzo ou talco de hidróxido de silicato de magnésio, elementos que também lixam o papel, mas de forma bem menos coordenada.
“Mas e as borrachas que apagam caneta?”, você deve estar se perguntando. Bom, existem sim, mas utilizam um processo químico e geralmente não funcionam com todas as canetas. Nesses casos, como na Bic Biro, a tinta utilizada tem menor penetração na superfície de contato, e é removida posteriormente através de um diluente químico que reage somente com aquela tinta específica. No caso de borrachas escolares clássicas, como a da foto acima, o que acontece é que a parte azul é mais granulada e “arenosa”, o que facilita a abrasão da folha, mas, como todos nós tão bem sabemos, não apaga caneta coisa nenhuma.